Linha ferroviária do Douro: estabilização de muro

O Estudo Prévio e Projeto de Execução intitulado “Estabilização do muro de suporte de escavação (LE)”, que interessa o trecho compreendido entre o PK 94+100 e 94+226 da Linha do Douro, foi desenvolvido pela Geovia, com o objetivo de se estudar e caracterizar os mecanismos responsáveis pelas instabilizações observadas e definir uma solução de estabilização do muro e da encosta que garanta adequadas condições de segurança para a circulação ferroviária. A Geovia foi ainda responsável pela elaboração do Plano de Prospeção Geotécnica (PPG), que incluiu a execução de 6 sondagens à rotação, com realização de ensaios SPT e ainda a colheita de amostras indeformadas que foram alvo de ensaios laboratoriais. A geologia na zona em estudo compreende três tipos de materiais: i) Aterro: ; Depósitos de vertente argilo-siltosos com presença pouco significativa de fragmentos xistentos; iii) Xistos grauvacóides e xistos luzentes apresentando-se, superficialmente, decomposto, apresentando-se menos alterado em profundidade.

De acordo com registos históricos desta zona da linha do Douro, ocorreram diversos episódios de instabilização que remontam, pelo menos, à década de 1960 e que incluem deslizamentos de terras, desabamento de trechos de muros de alvenaria existentes (que confinam o talude esquerdo) e, mais recentemente, deformações acentuadas do muro de alvenaria existente que é demonstrado pelo acentuado destacamento de blocos de alvenaria. A existência de patologias em trechos da EN108, ocorrentes para norte e a cotas altimétricas superiores em relação ao trecho da Linha do Norte em estudo, sugere que as instabilizações documentadas podem estar relacionadas com o desenvolvimento de uma ou mais superfícies de rotura extensas, embora pouco profundas, com desenvolvimento entre a base do muro interessado e a plataforma da EN108.

A solução preconizada corresponde a uma cortina de microestacas porticada, implantada ao longo da crista de talude, sendo esta cortina constituída por uma alternância sucessiva de microestacas verticais e inclinadas. Esta cortina foi solidarizada com recurso a uma viga de coroamento em betão armado. À solução estrutural descrita associam-se geodrenos profundos, instalados à face do muro existente, que têm o objetivo assegurar a drenagem interna dos terrenos.